Sugestão de aula - Língua Portuguesa - Técnicas de redação I
A dissertação
A dissertação que tem como característica dizer o que pensamos ou sentimos, exige reflexão e compromisso, portanto. É o tipo de texto em que importam as opiniões sobre os fatos, a postura crítica nossa diante do mundo e nossas reflexões que contribuam para o aprofundamento da discussão sobre os temas postos pela própria vida em sociedade.
Assim sendo, ela se desenvolve sempre em torno de um tema (assunto), ao qual se agregam argumentos, que culminam numa tese (ideia passível de discussão) e, portanto, a dissertação, como todo bom texto, tem uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão.
Assim, a condição fundamental para se produzir uma dissertação é o conhecimento que se tem do assunto e, dessa maneira, ler, ler e ler é fundamental, pois teremos dados para consolidar as nossas ideias. Sim, precisamos ter informações suficientes para enriquecer a nossa dissertação.
Exemplo:
“Eu me escondo nas poesias
E quero o silêncio das madrugadas
Sem fadiga profunda
Sem dor caprichosa
Felicidade sem repouso
“Exigindo céu e paz.”
(“Rosa de Freitas, in Olhos nos olhos”).
A descrição
Descrever é escrever aquilo que vimos e, portanto, é uma atividade na qual se utilizam os sentidos (visão, audição, gosto, tato, olfato) para captar a realidade e, depois, traduzi-la num tecido verbal. Ou seja, a realidade que nos cerca pode ser apreendida pelos sentidos e, depois, interpretada através de imagens linguísticas. A descrição é, geralmente, destituída de ação: é estática. Na descrição, predominam o substantivo e o adjetivo.
Há dois tipos de descrição:
a) Objetiva, denotativa ou clara: o autor procura descrever, sem emitir juízo algum de valor, sem mostrar seu estado de espírito diante da cena, o objeto visto. O autor não utiliza metáforas ou outras figuras literárias.
b) Subjetiva ou conotativa: é aquela em que o estado de espírito do escritor aparece, mostrando o que é visto de acordo com sua opinião seja positiva ou negativa.
Exemplos:
“Por cima da moldurada porta há uma chapa metálica comprida e estreita, revestida de esmalte. Sobre um fundo branco, as letras negras dizem Conservatória Geral do Registro Civil. O esmalte está rachado e esboicelado em alguns pontos”.
(Saramago, Saramago, in Todos os nomes.. São Paulo: Cia. Letras, 1997, p. 11).
Descrição amorosa
Edson Gonçalves Ferreira
Minha casa era assim
Feita de saudades cruzadas entre Brasil, Portugal e Espanha:
Uma vinha fecunda,
Uma figueira sempre prometendo doces de figo,
Um roseiral branco sempre em flor.
Tudo isso, Deus, emoldurado pelo sorriso azulejado de minha mãe
E pelo toque dolente do piston de meu pai...
Tudo, tudo, Deus, apunhala meu coração.
Eles estão lá... Onde? Não sei...
Só sei que me esperam, serenos, felizes
Com o pão e o vinho sobre a mesa, sob o olhar de Deus-Pai.
(Gonçalves Ferreira, Edson in “Uma canção para Anita” – livro no prelo ainda).
A narração
Narrar é contar históricas, inventar enredos, tramas, enigmas, criar personagens, lugares, fatos, tecer, enfim, os fios da vida em desenhos mágicos e nós, assim, podemos narrar coisas reais ou sonhadas. Quando narramos, tornamo-nos construtores de outra realidade, de um outro mundo, porque o escritor é aquele que consegue, além de viver, eternizar com palavras, a vida e, dessa maneira, ele tem múltiplas vidas. Sim, porque ao ler a obra dele, você, leitor (a), interpreta também o que ele narrou.
A narrativa está muito ligada ao que conhecemos como ficção (do latim fictionem, verbo ingere que significa fingir) e, assim, narrar é o ato de criar, de inventar, de dar vida. Dessa maneira, quando lemos um romance, conto, assistimos a um filme ou a uma novela, estamos diante da ficção. Quando a ficção é pura ficção, ela foi toda imaginada pela mente do escritor. No entanto, existem biografias romanceadas, ou seja, nem todos os dados passados aconteceram de fato. Na narrativa, predominam os verbos que indicam ação ou estado.
Como exemplo, citamos os romances “Capitães de areia”, de Jorge Amado; “Moleque Ricardo”, de José Lins do Rego. Leia mais, muito mais se você quiser dominar a arte de escrever bem. Neles você poderá observar que existe um tempo cronológico (marcado por calendário, relógio, estações do ano), mas não existe o tempo psicológico e tampouco o tempo mítico. Existem, ainda, os personagens principais (protagonistas), os personagens antagonistas (os que estão contra os interesses dos personagens protagonistas) e, ainda, os personagens secundários (deuteragonistas).
Quando o narrador participa do enredo, é personagem, diremos que ele é um narrador-personagem e, então, o romance é narrado, geralmente, na 1a. pessoa e, quando a narração é escrita na 3a. pessoa, diremos que o narrador é apenas observador, uma vez que não faz parte da trama.